A Polícia Civil do Rio Grande do Norte
cumpriu um novo mandado de prisão e mais uma vez conduziu à Delegacia
Especializada de Homicídios (Dehom) o sargento da Polícia Militar
Antônio Carlos Ferreira de Lima, denunciado como intermediário no crime
que vitimou o advogado Antônio Carlos de Souza Oliveira, morto a tiros
dentro do banheiro de um bar na noite de 9 de maio deste ano, em Natal. O
policial foi preso em Macaíba, na região metropolita. Em pouco mais de
um mês, esta é a terceira vez que o policial é detido.
Na primeira, no dia 21 de junho, o sargento se apresentou espontaneamente e passou 20 dias detido. Nesta terça (30), durante a operação 'Avengers'
(que significa vingadores em inglês), ele voltou a ser preso. Contudo, à
tarde, o advogado apresentou um habeas corpus e o sargento foi
novamente posto em liberdade.
Segundo a delegada Karla Viviane, a soltura do PM ocorrida na tarde desta terça “foi ilegal”. Ao G1,
ela explicou que o habeas corpus concedido pelo Tribunal de Justiça se
referia à primeira prisão do acusado, ainda durante o período de
investigação, e não desta última, quando o juiz Ricardo Procópio
Bandeira de Melo, titular da 3ª Vara Criminal de Natal, decretou prisão preventiva contra o sargento. “O advogado usou de má-fé. Iremos representar contra ele”, afirmou a delegada.
O G1 ouviu o advogado Edberto Smith Júnior, que
defende o sargento. Ele rebateu as palavras da delegada e disse que
também irá processá-la por injúria. Quanto ao habeas corpus, ele afirmou
que não tem culpa nenhuma de o TJ ter concedido a soltura do policial,
mesmo que se tratando de uma prisão decretada anteriormente.
Amigos
Nesta manhã, ao falar sobre a soltura do sargento, Edberto Smith disse ao G1 que o policial e o advogado Antônio Carlos eram amigos há pelo menos 20 anos.
“Não tem como pensar em uma situação como essa", acrescentou. Sobre a
acusação, Edberto negou o envolvimento do sargento no crime e contou que
havia entrado com um pedido de salvo-conduto na Justiça para evitar
novas prisões. De acordo com Edberto Smith Júnior, o policial e a vítima
eram amigos "de frequentar os mesmos locais e ir ao aniversário um do
outro". A defesa do PM reforça que o sargento tem "comportamento
excepcional, não respondeu a nenhum processo investigativo em nível de
polícia e que o último processo respondido por ele na Justiça tem 11
anos".
Quanto à amizade envolvendo o sargento e o advogado assassinado, a
delegada Karla Viviane discorda. Segundo ela, os dois tinham uma relação
conflituosa e que o policial fazia ameaças ao advogado.
Prisões
Já estavam presos por envolvimento no crime o comerciante Expedido José
dos Santos, preso no último dia 29 de maio; um pedreiro identificado
como 'Irmão Marcos', preso enquanto trabalhava em uma obra no interior de Minas Gerais; e Lucas Daniel André da Silva, mais conhecido como 'Luquinha', que confessou ter matado o advogado.
Investigação
O primeiro a confirmar a participação do pedreiro no crime foi o comerciante Expedido José dos Santos. Expedito admitiu ser o dono do carro,
mas continua negando ter qualquer envolvimento com a morte do advogado.
Ele disse, em depoimento, que Irmão Marcos pegou seu carro emprestado e
usou para dar fuga ao assassino. Ao G1, Expedito
contou a mesma história e disse que ficou sabendo que seu automóvel
havia sido usado num crime quando recebeu o carro de volta. Assustado,
ele pegou a família e fugiu para Fortaleza, onde foi preso. No Ceará,
ele também admite ter queimado o carro. Para a polícia, no entanto, o
comerciante também estava no veículo e foi o mandante do homicídio –
motivado, segundo a polícia, por vingança.
O segundo a confirmar a participação de Irmão Marcos no crime é um
homem que confessa ser o próprio assassino. Lucas Daniel André da Silva,
mais conhecido como 'Luquinha', foi apresentado durante coletiva de
imprensa. Ao G1, ele admitiu o crime e afirmou que
matou o advogado a mando de Expedito para se vingar de Antônio Carlos,
que teria mandado derrubar o muro de um terreno que o comerciante diz
ter comprado em São Gonçalo do Amarante, na região metropolitana da capital potiguar. Luquinha foi preso em um lava-jato no bairro Barro Vermelho.
Preso na cidade de Ipanema, em Minas Gerais,
o ‘Irmão Marcos’ estaria na Doblò de cor prata usada na noite do crime.
Ele, inclusive, foi citado por dois suspeitos já presos por também
terem participado do assassinato.
G1
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