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O presidente interino Michel Temer
- André Coelho / Agência O Globo |
BRASÍLIA — O discurso feito pela presidente afastada Dilma Rousseff para
se defender no processo de impeachment não foi forte o suficiente,
segundo integrantes do governo Temer, para mudar sua situação no Senado.
Em conversas na noite de domingo, no Palácio do Jaburu, e na manhã
desta segunda-feira entre o presidente interino, Michel Temer,
auxiliares, e senadores peemedebistas, o grupo avaliou cenários e
esperava por um tom mais duro e mais emocional.
Após a fala da petista, a avaliação dos aliados de Temer foi de que
seu depoimento foi óbvio, pouco emocional e um tanto burocrático.
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É uma fala descasada da realidade, sem mea culpa. Todos são culpados, a
crise, Eduardo Cunha, os Estados Unidos, menos ela — disse um auxiliar
presidencial.
Auxiliares também comentaram as gafes cometidas por Dilma, como dizer
que Eduardo Cunha era presidente da Câmara de Vereadores e se confundir
falando em contingenciamento de água, em vez de recursos orçamentários.
Apesar da análise dos governistas, o clima é de monitoramento dos
votos dos senadores. Interlocutores de Temer acham que não há margem
para mudar muito o placar a favor de Dilma, que no julgamento da
pronúncia, quando ela se tornou ré, foi de 21 votos. Sem admitir
apreensão com a pressão feita nesta reta final pelo PT, os aliados de
Temer dizem que qualquer oferta, neste momento, é inexequível por Dilma,
já que se eventualmente não perder o cargo, convocará um plebiscito
para novas eleições presidenciais.
— Estamos tranquilos e confiantes. O que está acontecendo hoje não
altera em nada o desfecho deste processo. Dilma não trouxe em seu
discurso nada que pudesse mudar isso — disse um interlocutor
presidencial.
Contador informal dos votos pró-impeachment, o senador Romero Jucá
(PMDB-RR) aposta em um placar de 59 a 61 votos pelo afastamento de
Dilma.
— O centro da meta é de 60 votos a favor do impeachment e 19 contra. Dilma cumpriu tabela — disse o senador.
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