UOL – Talvez você nem saiba, mas está comprando gato
por lebre na internet. Descobrir que uma notícia circulando é falsa nem
sempre é simples e mesmo profissionais de comunicação experientes caem
em armadilhas. Mas manter-se sempre atento e refugiar-se no alto do seu
ceticismo é fundamental. Por isso, trago algumas dicas que podem ser
úteis para testar a credibilidade de sites e páginas que querem te usar
como massa de manobra.
1) Verifique se o veículo que traz a notícia
pertence a uma empresa, pessoa ou organização conhecidas. Não que isso
seja um atestado de credibilidade, mas uma pessoa jurídica ou física que
corre o risco de pagar altas indenizações tende a tomar mais cuidado do
que um site fabricado de última hora que se mantém anônimo.
2) Evite páginas que não trazem a pessoa ou equipe
que produzem o conteúdo. Quem dá a cara para bater é mais confiável. É
claro que há páginas na rede com difamadores que usam pseudônimos para
fugir de punições. Não dá para zerar o risco, mas checar se a pessoa da
qual você compartilha sempre textos existe mesmo vale a pena.
3) Se você acha que se informa o suficiente apenas
lendo um título, por favor, não compartilhe nada nessa vida. Um título
bombástico pode esvaziar feito uma bexiga furada ao você ler o texto e
perceber que nada o sustenta.
4) A foto que acompanha a notícia é nova ou antiga?
Ela foi descontextualizada, ou seja, ilustra outra coisa diferente e
está sendo distorcida para servir ao propósito do texto falso? Dá para
perceber que ela foi alterada no Photoshop?
5) Desconfie de textos que não trazem fontes
confiáveis, como entrevistados e pesquisas de instituições conhecidas,
para defender as informações e números divulgados.
6) Muita gente não faz diferença entre um texto
opinativo e um narrativo. No jornalismo, os dois têm seu valor, mas
informação precede opinião. Desconfie de textos que querem se fazer
passar por notícias, mas são opinião pura. Exija provas.
7) Links para documentos, áudios, vídeos e imagens
não são, necessariamente, provas. Eles precisam trazer dados novos e
relacionados à denúncia e, acima de tudo, precisam fazer sentido. Muitos
difamadores colocam esses elementos porque sabem que a maior parte das
pessoas nem vai clicar neles, achando que existem provas irrefutáveis
simplesmente porque estão lá.
8) Ao ver uma denúncia cabulosa em um site ou página
obscuros, verifique se algum veículo de comunicação mais conhecido,
progressista ou conservador, deu também. Desconfie de notícias que
circulam apenas entre sites anônimos e grupos de WhatsApp. Muitas vezes
esses sites e grupos pertencem às mesmas pessoas que produziram o texto
falso.
9) A população sabe escolher entre uma alface boa e
uma ruim na feira, mas não foi educada (e isso deveria fazer parte do
currículo escolar) para identificar o que são argumento falsos. Se
soubesse, condenava algumas páginas e sites ao esquecimento. Sobre
formas de pegar um argumento falso, sugiro este texto que publiquei
aqui.
10) Por fim, lembre-se: uma notícia não é verdadeira
simplesmente porque você concorda com ela ou porque ela reforça sua
visão de mundo. Eu sei que é bom quando o mundo diz que estamos certos,
mas a vida não é conto de fadas. Aprender a consumir informação com a
qual não concorda, mas que tenha qualidade, porque ela ajuda a explicar o
mundo em que você vive, acredite, é sinal de maturidade.