A divulgação em
redes sociais de fotos que mostram alunos fazendo prova embaixo de
guarda-chuvas causou a demissão de uma professora do ensino municipal de
Imperatriz (MA). As imagens causaram impacto e o caso ganhou
repercussão na cidade.
O secretário municipal de
Educação, Zeziel Ribeiro da Silva, disse que a medida foi tomada porque a
professora procedeu de forma errada. A reportagem foi sugerida por um
internauta através do VC no G1.
Uiliene Araújo Santa Rosa, de
24 anos, foi afastada e teve seu contrato com a Prefeitura Municipal de
Imperatriz encerrado nesta sexta-feira (26), após a publicação das
fotos que mostravam uma sala de aula do Colégio Municipalizado Guilherme
Dourado.
Nas imagens é possível ver os alunos se protegendo
com guarda-chuvas, além do chão da sala de aula alagado e buracos no
telhado da instituição. De acordo com a professora, a intenção ao
publicar as imagens era chamar a atenção para os problemas da rede
municipal. “Não identifiquei o nome do colégio ou de qualquer
funcionário da instituição, mas publiquei as fotos em meu perfil
pessoal, pois acredito que não se deve ficar de braços cruzados diante
de uma situação assim”, falou ao G1.
Após a publicação das fotos, Uiliene conta que percebeu que os colegas a tratavam de forma diferente. “Quando voltamos do feriado,
percebi que os funcionários me olhavam de uma forma diferente e já não
falavam comigo. Era por causa das fotos. Então começaram a boicotar
minhas aulas. Não liberavam data-show ou televisão para que eu trouxesse
material para os meus alunos, coisa que faziam para os outros
professores”, afirmou ela.
Na mesma semana em que as
imagens foram divulgadas, a professora conta que a Secretaria de
Educação providenciou reparos imediatos no telhado da escola. No dia 25
deste mês, no entanto, Uiliene foi afastada de seu cargo na unidade
Guilherme Dourado e na sexta-feira (26), a professora recebeu um
comunicado que anunciava o encerramento de seu contrato com a Prefeitura
Municipal de Imperatriz por atos de conduta incabível.
“Fui punida pela publicação
das fotos e isso não é justo. É o tipo de coisa que acontecia na época
da ditadura, mas estamos em uma democracia, não é? Ela [a diretora] não
está agindo como uma gestora. Está tratando a escola como propriedade
privada, mas a escola é de propriedade pública, é do município. Acredito
na liberdade de expressão e em formar alunos com uma visão crítica, que
não se conformem com as coisas do jeito que elas estão. Cresci vendo
meu pai e meus professores reivindicando os direitos de educação e
aprendi a dar valor a ela, então não poderia ficar de braços cruzados
frente a essa situação”, relatou a professora.
Uiliene, que se formou no ano
passado, começará a dar aulas no ensino superior, mas não pretende
abandonar a luta pela valorização da educação fundamental. “Passarei a
dar aula para o ensino superior, mas já dei aulas em várias escolas
municipais desde a época da faculdade e sei o estado delas. Tenho um
filho pequeno e fico pensando, será em um colégio como esse que ele terá
que estudar?”, pergunta a jovem.
Publicadas em seu perfil
pessoal no Facebook, as quatro fotos que mostram o estado da sala de
aula do Colégio Municipalizado Guilherme Dourado já contam com quase 200
compartilhamentos e diversos comentários em apoio à professora e
indignação diante da estrutura e atitude da unidade.
Em contato com o G1, o
secretário municipal de Educação, Zeziel Ribeiro da Silva, confirmou a
demissão da professora. De acordo com ele, Uiliene Araújo Santa Rosa é
seletivada e seu contrato foi rescindido após a postagem da situação da
escola nas redes sociais. O secretário afirmou que o episódio foi
isolado e que a escola, que fica no parque São José, um bairro da
periferia de Imperatriz, tem um dos melhores prédios entre as
municipalizadas da cidade.
Ainda segundo o secretário,
uma ventania ocorrida logo após a eleição destelhou a sala mostrada nas
imagens e que no dia em que as fotos foram tiradas uma prova seria
realizada, mas que a professora poderia ter evitado a situação. Zeziel
alegou que em nenhum momento a professora procurou a direção da escola
ou mesmo a Secretaria de Educação para denunciar o caso. Ele afirmou,
ainda, que a demissão foi comunicada ao prefeito Sebastião Madeira, que
autorizou o procedimento.
O secretário alegou que
problemas internos não deveriam ser tratados em redes sociais e que a
funcionária, efetivada há quatro meses, procedeu de forma errada. Ele
afirma que não há perseguição contra a professora e que a medida
administrativa também seria tomada em relação a outro funcionário que
cometesse o erro.
Fonte: G1
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