Marcelo Lima - Repórter
O incêndio que matou 239 pessoas no Rio Grande do Sul ainda não foi
suficiente para que autoridades públicas e até parte da população
ampliasse as desconfianças para além das casas noturnas. Em Natal, as
deficiências em sistema de combate - ou a falta deles - a incêndios
podem ser verificadas em escolas, repartições públicas, bibliotecas e
até em hospitais. É o caso do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel. "O
perigo aqui é iminente, ou seja, se não for tomada uma providência
futura, a qualquer momento pode acontecer uma fatalidade ou acidente",
classificou o técnico em segurança do trabalho do próprio hospital José
dos Santos Oliveira.
Foto João Maria Alves
Em determinadas áreas do hospital
Walfredo Gurgel existe apenas o lugar indicado para os extintores de
incêndio, mas não há equipamento disponível
Segundo ele, o prédio do Pronto-Socorro Clóvis Sarinho não possui
chuveiros automáticos, que devem ficar no teto das rotas de fuga.
Hidrantes existem em alguns andares, mas ele não garante que funcionem.
Em determinadas áreas, existe apenas o lugar indicado para os
extintores, mas não há equipamento. Quando se encontra um equipamento,
ele pode estar com um obstáculo no entorno como um mural. Na Emergência,
as portas abrem para dentro, o que dificulta a evacuação.
Além disso, segundo o técnico, deveria haver também uma brigada de
incêndio civil, formada pelos próprios funcionários para atuar nesses
momentos. De acordo com o Código de Segurança e Prevenção contra
Incêndio (lei estadual 4.436/74), um hospital do porte do Walfredo
Gurgel também deveria está estruturado com: área de refugio na cobertura
(nos prédios entre 15 e 60 metros), escadas protegidas, sinalização de
fuga, detectores de fumaça/calor nas enfermarias e alarme de incêndio
(exceto nas enfermarias). O complexo hospitalar é composto por quatro
blocos de prédios e cada um deles tem suas especificidades.
Também existe um déficit na equipe de segurança do trabalho do Hospital.
Conforme José Oliveira, mais quatro técnicos e mais um engenheiro em
segurança do trabalho são necessários. Entre o público fixo e flutuante,
o técnico estima que pouco mais de mil pessoas circulam pelo hospital. A
terapeuta Leidiane Queiroz está lotada no hospital há três anos e nunca
passou por nenhum tipo de treinamento ou orientação. "Precisaria de
uma vistoria mais constante e também de orientar os funcionários. Sem
isso, ninguém se sente seguro", declarou.
Segundo a assessoria de imprensa do hospital, a mais recente vistoria do
Corpo de Bombeiros foi em 2010. Um relatório foi elaborado e entregue à
Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) e à direção do hospital
para que as deficiências fossem sanadas. Mas, até agora, poucas
providências foram tomadas.
Embora fosse um documento público, o Hospital do Walfredo Gurgel negou o
acesso direto ao relatório do Corpo de Bombeiros. Conforme a assessoria
de imprensa do hospital, uma licitação para a compra de novos
extintores está em andamento. A casa de gás e a casa de bombas (que
impulsiona a água para os sprinklers e para os hidrantes) estão em
reforma.
Fonte: Tribuna do Norte
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