BRASÍLIA - Antes de completar seis meses no cargo, o ministro da
Educação, Renato Janine Ribeiro, foi demitido nesta quarta-feira pela
presidente Dilma Rousseff, como parte da reforma ministerial que ela
conduz para angariar apoio político. Aloizio Mercadante, que já ocupou a
cadeira entre 2012 e 2014, deixará a Casa Civil para retornar como
terceiro ministro da pasta no segundo mandato de Dilma, que tem como
lema “Pátria Educadora”. Antes de Janine, o titular da Educação era Cid
Gomes, ex-governador do Ceará que fez uma passagem ainda mais meteórica,
de apenas dois meses e meio no ministério.
Janine foi chamado para uma reunião com Dilma, que começou por volta
das 15h20 no Palácio do Planalto. De acordo com interlocutores do
ministro, a conversa foi somente entre os dois, sem a presença de
auxiliares. A presidente agradeceu a Janine pelos serviços prestados
enquanto esteve à frente do MEC e, rapidamente, mencionou que o momento
atual exige uma nova composição na Esplanada dos Ministérios.
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A
reforma para agradar aos setores do PMDB, em troca de apoio político,
também culminou na saída do ministro da Saúde, Arthur Chioro. Com ele,
porém, Dilma nem chegou a convocar uma reunião no Planalto. Ela demitiu
Chioro por telefone, o que teria deixado o ministro chateado. O
Ministério da Saúde será ocupado por algum indicado do PMDB, que tende a
ficar com sete pastas. Hoje, o partido do vice-presidente, Michel
Temer, está no comando de seis ministérios.
Enquanto Janine se reunia com Dilma, o secretário-executivo do MEC,
Luiz Cláudio Costa, estava no Planalto conversando com Mercadante. Entre
outros assuntos, eles trataram da volta do ministro à Educação e dos
problemas que atingem a pasta. Desde o início do ano, programas que são
vitrine da gestão Dilma vêm passando por contenções, como o Fies,
Pronatec e Ciência sem Fronteiras. Houve atrasos em pagamento de bolsas,
como as do programa de alfabetização. Greves atingem a maior parte das
universidades federais.
Janine chegou ao posto, em abril, como “uma feliz novidade”. Foi essa
a definição da presidente Dilma ao dar posse ao ministro, comparando-o
com educadores brasileiros como Paulo Freire e Anísio Teixeira. Embora
tenha sido diretor de Avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (Capes), Janine foi escolhido mais pelo
simbolismo de ser um nome importante da pesquisa na área de educação do
que pela experiência gerencial.
Ironicamente, quem sugeriu à presidente Dilma o nome de Janine para o
ministério foi Mercadante. Agora, no xadrez da política, o padrinho
tomará o lugar do apadrinhado na condução de uma das mais importantes
pastas da Esplanada, que só perde em volume de orçamento para a Saúde.
O Globo
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