Dono de frases
antológicas como "ninguém tem paciência comigo" e "não contavam com a
minha astúcia", que marcaram gerações de fãs em toda a América Latina,
Roberto Gómez Bolaños, criador dos seriados "Chaves" e "Chapolin",
morreu nesta sexta-feira (28) aos 85 anos. Bolanõs foi humorista,
escritor, ator, produtor de cinema, televisão e teatro.
A causa da
morte, ocorrida às 14h30 (horário do México) em casa em Cancún, não foi
confirmada. Em fevereiro deste ano, quando Roberto Bolaños completou 85
anos, um parente confirmou à agência de notícias Efe que a saúde dele
era “frágil” e que ele permanecia quase o tempo todo na cama, com
acompanhamento 24 horas por dia.
Segundo a CNN
mexicana, o ator Edgar Vivar, que interpretou o Senhor Barriga, disse
que o corpo do comediante será levado à Cidade do México, onde será
velado.
A última
mensagem divulgada pelo perfil oficial de Bolaños no Twitter foi: "Todo
meu amor para o Brasil". Ele escreveu em resposta a uma fã brasileira no
microblog.
Vivar deu seu
depoimento à rede de TV mexicana Televisa (que produziu a maior parte
dos programas de Bolaños): "Estou em estado de choque. Não pensei que me
fosse afetar tanto. Meu telefone não para de tocar. Um abraço
compartilhado com milhões de pessoas do mundo. Vou lembrar dele sempre
com sorriso e com ânimo. Temos que agradecer a Deus. Seu bom humor é a
maior lembrança."
"Roberto, você
não vai, permanece em meu coração e em todos os corações de tantos a
quem fez feliz. Adeus Chaves para sempre", disse no Twitter Edgard
Vivar.
"Obrigado por
fazer tanta gente feliz e por todos os momentos maravilhosos que
compartilhamos no grupo. Descanse em paz, Roberto", disse Maria
Antonieta de Las Nieves, que interpretou a Chiquinha.
"O México perdeu um ícone, cujo trabalho transcendeu gerações e fronteiras", disse o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto.
"Foi um bom
companheiro, amigo, irmão e um dos melhores escritores dos últimos
tempos no México", disse Ruben Aguirre, que interpretou o professor
Girafales.
Trabalho reconhecido no mundo
"Chaves" foi o programa mais visto da televisão mexicana e foi dublado em 50 idiomas, segundo a Televisa.
"Talvez o meu
mérito foi conseguir, sem tentar, abordar um ambiente que existe no
mundo inteiro", refletiu Bolaños sobre o sucesso de Chaves em uma
entrevista à agência de notícias Reuters.
"Trabalhei muito neste personagem, que tem qualidade", explicou ele, "mas a resposta exata eu não sei".
Além disso, Bolaños escreveu roteiros de 50 filmes no México e atuou em 11. No Twitter, ele tinha mais 6 milhões de seguidores.
Trajetória
Roberto Bolaños
tirou seu apelido do dramaturgo William Shakespeare, cujo diminutivo em
espanhol era "Chespirito". Há alguns anos, ele se mudou para Cancún, no
México, junto com a mulher Florinda Meza, a Dona Florinda da série.
Bolaños nasceu
na Cidade do México em 21 de fevereiro de 1929. Estudou engenharia, mas
nunca exerceu a profissão. Praticou boxe e era um fanático torcedor do
clube de futebol América. Começou sua carreira profissional na
publicidade, onde começou a trabalhar em roteiros.
Casou-se pela
primeira vez com a escritora Graciela Fernández, com quem teve seis
filhos. Só em 2004 oficializaria seu casamento com a atriz Florinda
Meza, a Dona Florinda.
Aos 80 anos,
perguntaram a ele sobre a sua relação de décadas com a atriz Florinda
Meza. "Já estamos há 30 anos casados", respondeu. "Temos um casamento
sólido que só a morte acabará com ele... ou a Shakira!".
Ganhou o apelido de Chesperito do diretor de cinema Agustín P. Delgado por causa do 1,60 de altura.
Foi só em 1968
que começou sua carreira de ator, na emissora TIM, em séries como “Los
Supergenios de la Mesa Cuadrada” e “El Ciudadano Gómez”, em espaços de
30 minutos de duração aos sábados.
Foi só na
década de 1970 que começaram a ser exibidos as séries que fizeram de
Bolaños um gigante do humor: "Chespirito", "Chapolin" e "Chaves". A
partir de 1973, quase todos os países da América Latina tinha na
programação de TV episídios dos programas.