O Flamengo traz de Natal algo mais importante do que a
vitória sobre o Boavista por 4 a 1 na noite deste sábado: o esboço de
um time com repertório mais amplo. Após um primeiro tempo em que repetiu
problemas de 2016, surgiram sinais de novas opções na segunda parte do
jogo, decidido com três gols peruanos.
Por falar neles, Trauco, até antes do jogo uma
interrogação, foi boa notícia. Cruzou sob medida no primeiro gol de
Guerrero, aos 31 minutos do primeiro tempo, deu o passe para Diego fazer
o quarto, no minuto final, e marcou, ele próprio, o segundo gol,
aliviando o time no início da segunda etapa, quando o jogo estava 1 a 1.
Neste lance, exibiu uma característica que vai além do apoio pelo lado,
comum a muitos laterais: a infiltração pelo meio. Na parte defensiva,
deixou dúvidas. Inclusive, foi batido pelo alto no gol do Boavista.
Quando o Flamengo abriu o placar com um cruzamento da
intermediária, persistia uma preocupação: parecia difícil chegar ao gol
de outra forma. Sem Éverton, que sentiu uma indisposição, Zé Ricardo
colocou Mancuello e Adryan pelos lados. Com dois meias nas extremas,
faltava profundidade, passes na direção do gol. E sobravam cruzamentos
como soluções. A outra opção era encomendar o destino a Diego, que se
movia por todo lado para armar o time. Ele o fez na medida em que o
fôlego permitiu. E quando participa do jogo, costuma fazê-lo muito bem.
Como no belo chute do quarto gol.
Com dois meias abertos, o Flamengo sentia o peso do
hábito de jogar com os pontas, com homens que enfrentam a marcação pelo
lado. E sentia falta de velocidade.
Até que o segundo gol trouxe uma arma que, caso se
repita com mais frequência, pode resolver jogos enquanto o time optar
por Mancuello como um meia que começa aberto na direita e busca o meio
para auxiliar Diego na criação ou vai à área finalizar. Trauco correu em
diagonal, Guerrero fez papel de pivô e Mancuello tocou em profundidade
para o lateral peruano marcar em sua estreia oficial. Num futebol
carente de espaços, tem sido raro ver jogadas se resolverem pelo meio,
abrindo defesas com passes.
Por falar em abrir espaços, o Boavista passou a
cedê-los generosamente. E Zé Ricardo testou outra opção para 2017:
Rodinei como ponta-direita. Foi dele o passe para Guerrero fazer o
terceiro.
FLAMENGO 4 X 1 BOAVISTA
Flamengo:
Alex Muralha, Pará, Réver, Rafael Vaz (Juan) e Trauco; Rômulo (Márcio
Araújo), Willian Arão e Diego; Mancuello, Guerrero e Adryan (Rodinei).
Boavista: Felipe, Maicon, Lucas Rocha, Antônio Carlos e
Christiano; Júlio César (Fellype Gabriel), Douglas Pedroso, Erick Flores
e Pedro Botelho (Matheus Paraná); Mosquito e Tiago Amaral (Marcelo
Nicácio).
Gols: 1T: Guerrero aos 31m, Mosquito aos 40m; 2T: Trauco aos 8m, Guerrero aos 15m e Diego aos 45m.
Juiz: Leonardo Garcia Cavaleiro.
Cartões amarelos: Trauco, Christiano e Mosquito.
Público pagante: 9.211
Renda: R$ 635.775,00.
Local: Arena das Dunas (Natal).
/O Globo
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